´´Você diz que ama a chuva, mas você abre seu guarda-chuva quando chove...``
Quantas vezes fingimos ser quem não somos apenas para fazer com que alguém nos ame.
Quando eu li esse poema de Shakespeare pela primeira vez eu lembro de sentir algo muito pesado sobre. E no final, muitos anos depois, eu realmente acho que é. Afinal, uma energia trágica sempre pairou sobre esse escritor, não?
Então, depois de longas férias, o Je ne Sais Quac está de volta! Alive and breathing.
Nessa edição tentaremos entrar no texto desse escritor e falar sobre como nós nos moldamos certas vezes apenas para agradar alguém, e como no final de tudo isso nós mesmos que nos enganamos.
“Você diz que ama a chuva, mas você abre seu guarda-chuva quando chove. Você diz que ama o sol, mas você procura um ponto de sombra quando o sol brilha. Você diz que ama o vento, mas você fecha as janelas quando o vento sopra. É por isso que eu tenho medo. Você também diz que me ama. “ - William Shakespeare -
Por que moldamos uma personalidade diferente da nossa original apenas para fazer com que uma pessoa goste de nós?
Eu, desde pequeno, percebi que era diferente das pessoas que moravam comigo. Era o completo oposto de meus irmãos e isso sempre ficou muito nítido para meus pais. A questão maior era a diferença entre eu e meus pais. E é nesse ponto que entra toda a filosofia do poema em questão. Nunca gostei das mesmas músicas, nunca aproveitei as mesmas comidas e, principalmente, nunca compartilhei das mesmas opiniões. Porém toda essa diferença sempre foi muito anulada em mim. Eu jamais compartilhei algo que eu apoiava pois sabia que eles não eram à favor. Minhas opiniões pessoais sempre foram muito reprimidas e sempre que questionado eu respondia o que todos queriam ouvir, mas nunca o que eu queria realmente falar.
O amor sempre será a maior das emoções e graças a isso moldamos nossas ações para podermos sentir um fragmento desse sentimento. Não digo que não devemos nos moldar em um relacionamento. Afinal, um relacionamento é feito de mudanças e atitudes balanceadas dos dois lados. Mas se chega ao ponto de que nossa mudança é feita apenas para agradar a outra pessoa, mudando quem nós somos de verdade e nossas convicções, no final essa mudança vira apenas uma máscara.
Sobre o poema, o eu lírico do texto é a pessoa que descobriu a mentira da outra. Essa outra, muitas vezes somos nós. Ele diz ter medo quando essa pessoa afirma que o ama, tendo que ela mente dizendo que gosta de certa coisas e em instantes revela que não sente aquilo de verdade. Essa mentira que essa outra comete muitas vezes é um medo tão forte de decepcionar e de magoar alguém que acontece de maneira até involuntária. Se tem uma coisa que é certa e minha mãe já me disse é que: toda mentira tem um fim. Não importa o quão bem você minta essa falsa história sempre chega ao fim. E isso que mais me pega sobre essa nossa necessidade de nos encaixarmos em um lugar que não foi feito para nós nos encaixarmos. Por que fingimos tanto gostar de algo apenas para que outra pessoa goste de nós?
Muitas vezes esse medo é um fato real, sei disso! Existem situações que eu menti sobre mim mesmo apenas para me sentir seguro dentro de um núcleo. Apenas para me sentir amado. E sabia que se não tivesse feito aquilo eu seria visto e tratado de maneira diferente. E aí que está uma outra questão: Existe então uma exceção para mentirmos sobre quem nós somos?
Não, não há exceção.
Ser nós mesmos e nos expressarmos de nossa maneira natural (sem que haja prejuízo ao próximo, claro) é a escolha mais saudável que tomamos e espero conseguir fazer isso nesse novo ano que se inicia.
Essa jornada infinita de autodescobrimento é tão doida que cada vez que vamos mais fundo menos sabemos das coisas… mas graças algumas coisas que fiz ela tem se tornado mais fácil. Tenho muito a agradecer ao Substack (esse app, kkkk) pois graças a ele eu pude melhoras tanto nesse caminho e finalmente ter um hobbie de verdade! Agradeço também a Natália, minha prima que foi a primeira a me incentivar nesse ano a realmente fazer coisas diferentes. E agradeço a Laura, uma amiga de Instagram que também tem uma página aqui chamada de Jardins Secretos (link abaixo).
Abaixo, alguns filmes que eu acho que combinam com essa temática, hihi.
É isso pessoal, espero que tenham gostado desse novo post, mil abraços. Até a próxima.
Quac Quac!
Não há ninguém mais capaz de nos entendermos que nós mesmos, garanto.
muito lindo ver seu crescimento pessoal e amadurecimento, o que se apresentou claramente ao ler sua percepção no texto dessa semana. em 2024 você passou a ser muito mais você, e estou muito orgulhosa disso, amo você amigo ❤️
Estou me sentindo esplêndida, apareci no Je ne sais quac!!! Ahh, Aldo, que lindeza de texto. Adorei ver a sua percepção a respeito desse trecho do Shakespeare, que por sinal vai em uma direção totalmente diferente da que eu tinha e eu amo issooooo.
A jornada de autoconhecimento é caótica mesmo, mas eu tenho certeza que existe muita claridade iluminando o seu caminho. Que a liberdade seja o sentimento chave no seu ano de 2025, meu querido amigo!